sábado, 31 de dezembro de 2011

Alimentação anti-câncer


Vídeo em inglês sobre a alimentação anti-câncer. Vale a pena dar uma olhadinha... e dá-lhe curcuma.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Primeira cirurgia na língua

Nunca fui internada na vida... nunca tinha quebrado uma perna. Nunca tinha tido nada grave. Exames de sangue sempre impecáveis. Não tomava remédios para nada, nem pra dor de cabeça. Hábitos saudáveis, sou muito careta. Sem fumar, sem beber (sério, nem socialmente... bebia muito pouco 2 ou 3x por ano). Alimentação levemente desregrada mas sempre tendendo mais para o não consumo de carne bovina ou aves. Sempre dei prioridade para peixes. Ou seja, não fiz nada errado para ter uma doença que em 75% dos casos acomete homens, com mais de 45 anos, fumantes e elitistas. Não estou indignada não, mas é que fui "fora da estatística".

Ok, nunca fui chegada a médicos. E por isso agradeço diariamente por ter tido um câncer visível, ou seja, que dava para ser visto. Amém.

...

Fato que entrei na mesa de cirurgia sem saber o que eu tinha. Se era carcinoma in situ, se era uma displasia epitelial travestida feiosa, ou se era câncer.

A proposta do Dr. Gentleman era: "de qualquer jeito vamos tirar isso daí". Na mesa de cirurgia ele faria uma biópsia por congelação, e na hora decidiria o que fazer. Essa foi a primeira grande lição: confiar plenamente na mão de um profissional que eu conhecia há 2 semanas.

Assim o fiz, e a biópsia por congelação não trouxe notícias muito boas.

Como foi a cirurgia?
Acordei bem, sem efeito da anestesia. Na sala de cirurgia (sério, nem era na sala de recuperação), pedi um papel e uma caneta (pois não podia falar), para saber o q tinha dado na biópsia.

Se você está passando por isso vou alertar do que foi pior: a sonda por uma semana. A sonda era um cano no nariz para eu poder comer indo direto para o estômago / duodeno / whatever. Essa foi a pior parte e a semaninha mais longa da minha vida desde então. Não gosto nem de lembrar dessa semana e agradeço a cada dia de lembrar que passou. Passou gente, estou sem a sonda há 2 semanas. Que sonho!

Me recuperei bem da cirurgia, mas no momento minha língua ainda está presa e estou falando estranho. Terei que recuperar com fonoterapia (exercícios). Ces´t la vie.

Câncer na língua

É possível ter câncer na língua? Sim, é possível! E eu nem sabia que a gente poderia ter câncer na língua... mas descobri que a gente pode ter câncer na língua e em qualquer lugar do corpo. E antes dos 30, gente!

Pois bem, no post anterior eu falei do dia que fiz a biópsia. Mas por incrível que pareça, minha biópsia não deu nada, apontando como lesão "displasia epitelial leve". Quando apresentei ao médico, ele disse que o resultado era bom, mas que pediria uma revisão de lâmina. Não me disse a razão, mas li na cartinha que ele escreveu para o patologista:

clínica compatível com carcinoma

clínica compatível com carcinoma

clínica compatível com carcinoma

Porra, não sou médica mas "carcinoma" é a mesma coisa que "ih, fudeu". Deixei a carta no laboratório para revisão. Alguns dias depois fui pegar, em meados de novembro, acho que dia 11/11/2011. A revisão de lâmina trouxe a mesma coisa. Saí comemorando pela rua.

Mandei a revisão de lâmina por e-mail para o médico, que não me respondeu. Mandei novamente, e ele respondeu dizendo que se reuniria com uma junta médica no dia seguinte para estudar meu caso.

Resolvi ir em outro médico, aqui na minha cidade. Ele praticamente disse a mesma coisa, que a clínica era compatível com carcinoma, mas que a biópsia poderia ter sido mal feita. Que era necessária uma biópsia topográfica indicando onde estava cada parte do tecido e etc. Enfim, eu já não tinha gostado do comportamento do outro médico, fiquei triplamente desconfiada.

Mas por que você não gostou do 1º médico?
Simplesmente porque ele não estava preparado para atender pacientes jovens e que se consultam também com o Dr. Google. Sim, os médicos precisam ser treinados e conscientes para isso, para a cyberhipocondria. Tem que ter matéria de "como lidar?" nas faculdades de medicina, pois os médicos da nova geração  precisam estar preparados para consultas mais longas, pacientes mais preparados e peculiares.

Claro que era o meu caso. Abrindo um parênteses, eu atendo clientes e respondo a dúvidas bizarras sobre o meu trabalho diariamente. Apesar de saber que eu sei mais sobre o meu trabalho do que 90% dos meus clientes, respondo a todas as dúvidas para dar segurança para eles. O médico tem que fazer a mesma coisa. Ele manja mais do que eu, beleza, mas eu me preparei e estudei antes da consulta (como faço com tudo na vida).

Juro que li mais de 20 trabalhos publicados, mais de 50 artigos em grandes veículos e meia dúzia de trabalhos científicos em inglês inclusive. Ele estudou para ser médico, e eu estudei a suspeita de doença que eu tinha.

Já o segundo médico...
Disse que eu tinha 100% de chance de cura (na hora foi bom ouvir isso, mas será mesmo? Espero que ele esteja certo), mas disse que ele estava saindo de férias e mandou eu procurar um especialista em São Paulo. Segundo ele, um dos maiores especialistas do mundo no assunto.

O primeiro médico...
Pedi para falar com ele via tel. Ele me ligou, comecei a fazer várias perguntas e ele disse a frase (que na hora fiquei indignada, mas hoje agradeço pela falta de tato dele) que mudou tudo: "Se você não acredita no que eu estou te falando, procure o maior especialista do país nesse assunto" - e me mandou para o mesmo médico de São Paulo.

Assim o fiz, dia 24/11/11. Me consultei com um dos melhores especialistas do mundo, totalmente paciente, disposto a tirar dúvidas, um gentleman. Tudo foi muito rápido. Primeira consulta dia 24/11, exames pré-operatórios de 25/11 a 28/11. Segunda consulta dia 01/12/2011... e cirurgia marcada para 07/12/2011.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Como tudo começou

Eu estava de férias quando senti uma afta embaixo da minha língua. A princípio não me preocupei achando que era um inconveniente devido às longas caminhadas das férias somadas à alimentação medíocre. Nessa época de férias quase sempre negligenciamos nossa alimentação em prol de conhecer o máximo de lugares possíveis.

Eu estava na cidade dos meus sonhos, vivendo um sonho realizado. Duas semanas mágicas onde nada parecia impossível.

Isso aconteceu por volta de 20 de agosto de 2011.

De volta à realidade, fui ao médico em 12 de setembro. A princípio no pronto socorro de meu plano de saúde. Eu havia lido que uma "afta que não cicatriza" poderia ser várias coisas, incluindo câncer. Dividi isso com a médica que me atendeu, que desconfiou de uma infecção fúngica, me dando Nistatina para bochechar. Duas semanas depois nada havia mudado, e voltei ao PS.

Encontrei outro médico, bem jovem e mencionei a minha preocupação em relação ao câncer de língua. Ele deu uma risadinha (atestando a improbabilidade) e pediu para eu passar Omcilon (creme para aftas) e se em uma semana não melhorasse, para que eu voltasse lá.

Demorei uns 20 dias para tomar alguma decisão, mas continuava tudo na mesma. Fui a um dentista, estomatologista, que olhou a lesão e teve uma reação que me preocupou, a frase que não saiu da minha cabeça: "Isso não está nada bonito".

Na mesma hora, me indicou para um médico especialista em Cabeça e pescoço. Sai de lá e fui direto para o consultório dele e recebi a notícia que só teria consulta para janeiro. Que coisa, não? Perguntei quando poderia ser atendida pagando particular e tinha consulta para o dia seguinte. Resolvi marcar, apesar de achar a situação absurda. Mal sabia eu...

No dia seguinte, eu estava lá: o médico olhou e já quis marcar uma biópsia para o dia seguinte. Conduta bacana da parte dele.

Fiz a biópsia, foi sofrido. Passei 2 dias sem comer. Era uma sexta, mas na segunda já estava comendo relativamente bem. Para falar a verdade fiquem 100% bem da biópsia quase 20 dias depois.

Primeiro post

Esse é mais um blog que começo, a princípio sem me identificar ou me expor. Começo encorajada por milhares de mulheres que descobre um câncer e usam blogs para compartilhar informações, dividirem suas dúvidas e experiências e criarem novos laços.

Em poucos meses descobri que tem muita gente com câncer nesse país, um exército de pessoas. Errôneamente eu pensava que eram senhores e senhoras, acima dos 50 anos, com histórico familiar. Ou crianças que estavam cumprindo alguma espécie de karma de vidas passadas aqui na terra.

Particularmente o câncer só se tornava visível em alguma matéria sensacionalista da Veja ou da Época, que acertadamente traziam aqueles casos de sucesso e os avanços nas pesquisas dos hospitais referência.

Mas descobri uma outra realidade: de jovens (muito jovens) acometidos pela doença, de jovens cheios de planos e vontades que de um dia para o outro são diagnosticados com um câncer, e que precisarão passar por tratamentos invasivos e/ou longos.

Faço agora, parte dessa realidade. Isso era inimaginável há alguns meses atrás, quando eu vivia minha vida preocupada com a próxima bolsa que iria comprar, com a próxima reunião que faria ou criando alguma estratégia para dominar o mundo.

Faço parte agora de um tratameto, para um tipo de câncer que não parece ser dos piores, mas que não há muita informação na Internet. Temos aos rodos blogs de câncer de mama (alguns muito bons por sinal), blogs de mães com filhos acometidos, blogs de outros tipos de câncer. Não achei nenhum parecido com o meu caso.

Começo a contar minha história, portanto, querendo ajudar as pessoas (jovens, cada vez mais) acometidos por algo parecido. Seremos aproximadamente 15.000 casos no Brasil em 2012. Faço parte de uma estatística agora, na luta para fazer parte de outra: a da cura. Quase 90% das pessoas diagnosticadas com esse tipo de câncer conseguem ser curadas. Espero realmente poder fazer parte dessa estatística, tirando uma grande lição e vivendo como se tudo fosse como antes.